O sono de qualidade consegue promover bem estar físico e mental para conseguirmos lidar melhor com nossa rotina diária, sendo tão crucial que a falta de sono pode diminuir atenção, concentração, capacidade de aprendizado, força, raciocínio lógico e até humor.
Não é para menos que devemos dar atenção especial à qualidade do sono e tentar manter uma rotina saudável. No entanto, o que observamos em nossa sociedade é uma visão errática e bastante heterogênea sobre a importância do sono.
Enquanto uns acabam menosprezando, mesmo que de forma não intencional, a importância do sono, outros sabem que apresentam sono ruim e partem imediatamente para o remédio. O uso de medicações para dormir tem aumentado de forma alarmante nos dias atuais, principalmente em vigência do isolamento social por COVID-19, que acabou aumentando os transtornos psiquiátricos, como transtornos de ansiedade e de humor. No entanto, será que todos precisam fazer uso de medicações?
Existem diversas formas de insônia, algumas que de fato melhoram bastante com uso de medicações, mas nenhuma resposta farmacológica se sustenta a longo prazo de maneira estável, podendo haver mudanças ao longo do tempo de uso da medicação. Já outras insônias podem não apresentar uma resposta adequada, a despeito do uso de uma ou mais medicações.
Estes hábitos por vezes levam a medicalização excessiva. A pessoa que não dorme toma um remédio para dormir, conseguindo obter um sono melhor. Com o tempo, a medicação passa a não mais fazer o efeito que sentia no começo, muitas vezes alegando que “o corpo acostumou”. A solução? Aumenta a dose ou acrescenta um segundo remédio.
Imagine então a bola de neve: Com o aumento de remédio há o aumento de efeitos colaterais: Sonolência diurna, dificuldade de concentração, dificuldade de atenção, alterações de humor, fraqueza… Os mesmos sintomas de quem naturalmente já não tem um sono reparador.
Indo além, o uso de medicações com potencial sedativo ou indutoras do sono pode gerar quedas, alucinações, esquecimentos e até dependência química. Neste momento, a medicalização excessiva acaba trazendo mais riscos que benefícios.
O que é possível fazer para evitar a medicalização excessiva do sono? Inicialmente, deve-se prestar atenção ao padrão do sono, como hora de deitar, tempo entre deitar e dormir, quantidade de despertares noturnos, hora de acordar e hora de levantar; após, é importante analisar os riscos de sonolência diurna em determinadas situações do cotidiano; por fim, uma avaliação de como é a rotina, incluindo hábitos alimentares, horário de prática de exercícios físicos (ou a falta de exercícios físicos), uso de bebidas estimulates, uso de medicações e hábitos perto da hora de dormir.
É possível, em algumas situações, ajustar detalhes da rotina diária e conseguir melhorar o sono sem a necessidade de medicações. Além disso, uma avaliação do padrão respiratório, de movimentos ou de comportamento durante o sono são importantes, já que também podem atrapalhar o sono reparador e não necessariamente há a obrigatoriedade do uso de remédios sedativos ou indutores.
Por fim, a máxima que fica é “não tome remédios por conta própria” ainda mais aqueles que podem alterar seu nível de atenção, porque em algumas ocasiões a retirada da medicação pode ser mais difícil que conseguir dormir adequadamente com uma rotina saudável.